terça-feira, 11 de janeiro de 2011

PRAIAS VIRGENS

Calhetas, Picinguaba e Bonete: Praias ainda Tranquilas e Preservadas no Litoral Paulista

Pode acreditar: em Ubatuba, Ilhabela e São Sebastião, há refúgios com água cristalina, natureza preservada e uma tranquilidade que você pensou não existir há décadas no litoral paulista.
As praias bem que poderiam ser divididas em dois tipos: aquelas em que alguém tem de ficar de olho nas suas coisas enquanto você dá um pulinho no mar e aquelas em que você pode deixar tudo embaixo do guarda-sol e cair na água sem se preocupar: o dinheiro, os óculos e o iPod continuarão ali na sua volta (mesmo se você decidir emendar uma caminhada depois do mergulho). Sem desmerecer o agito de Maresias, o burburinho de Juqueí e a multidão concentrada nas melhores orlas do Guarujá, a busca por praias que se enquadram no segundo time e encontrou três belos refúgios a poucos minutos dos mais movimentados endereços de São Sebastião, Ilhabela e Ubatuba. A dificuldade de acesso e a ausência de serviços na areia funcionam como anjos da guarda desses destinos.
 
Em todos, foi realizado o teste do abandono dos pertences, em momentos de “pico” de sexta a domingo, sem nenhuma surpresa desagradável. Com exceção do Réveillon e do Carnaval, visitar esses locais é garantia de paz e silêncio – ou de uma boa prosa com os caiçaras –, sem ninguém para ouvir música com o volume no máximo ou esbarrar em seu guarda-sol.
 
 
 DE CAMAROTE

Pedras de um lado, areia do outro e, no meio, um morro com vista para as ilhas


CALHETAS
São Sebastião

De bobo, o ex-goleiro e treinador Emerson Leão não tem nada. Ele é dono de uma das quatro casas localizadas à beira da Praia das Calhetas, as únicas construções em toda a extensão da orla. A reclusão é justificável: o único acesso a ela é por um sítio particular que não permite a entrada de carros. Como não há onde estacionar na Rio-Santos, de onde se desce por uma trilha, muita gente desiste da visita – o que contribui para manter o aspecto quase intocado do lugar. Os poucos turistas que passeiam por ali costumam vir a pé da praia vizinha, Toque-Toque Grande (que só tem tamanho no nome). O trajeto demora cerca de meia hora, dos quais, uns dez minutos na Rio-Santos e outros dez dentro do sítio.

Por um capricho da geografia, a praia é dividida em duas: de um lado, pedras enormes, de rara beleza; de outro, o mar mansinho e claro se espalha calmamente pela areia. Entre as metades, um morro gramado repleto de coqueiros se transforma em confortável camarote para quem busca a melhor vista da Ilha de Toque-Toque e da parte mais alta de Ilhabela. Vale ficar horas contemplando, em silêncio, os movimentos em câmera lenta de um barco ao longe, do vento nas árvores...

A melhor opção de hospedagem para quem quer curtir o verão nas Calhetas é a Pousada Ilha de Toque Toque Boutique, incrustada no alto do morro que termina na Praia de Toque-Toque Grande. Oferece piscina e alguns quartos têm ofurô ou jacuzzi na varanda, com intimidade preservada e Mata Atlântica por todos os lados. Um “posto avançado” oferece deque com espreguiçadeiras e ducha à beira do mar. Ali, há um depósito com guarda-sóis, um caiaque e bebidas geladas à disposição dos hóspedes. O sistema, exceto nos fins de semana, é “self-service”: cada um anota o que consumir e depois acerta no check-out. Consegue imaginar algo assim em Maresias, a cerca de dez quilômetros dali?

ONDE FICAR:
Pousada Ilha de Toque Toque Boutique: Rod. Dr. Manoel Hyppólito Rego, 1.285 (km 143,5), Toque-Toque Grande, tel. (12) 3864-9110. Desde 2007. Diárias de R$ 380 a R$ 600 (casal). Mínimo de três noites.


VILA CAIÇARA
 Os pescadores são maioria, mas em Picinguaba tem até bar com wi-fi e cardápio bilíngue


PICINGUABA
Ubatuba

O movimento é intenso no fim de tarde. Não de turistas, mas de crianças que correm ao encontro dos pais, pescadores que acabam de atracar seus barcos na praia. Nessa vila caiçara localizada 46 quilômetros ao norte do centro de Ubatuba, há pousadas e um bar com rede wi-fi e cardápio bilíngue, o Picimbar – que serve iscas de peixe e vieiras cultivadas numa ilha próxima. Ainda assim, erra quem julga que os visitantes são o foco das atenções. Os poucos turistas são, quase sempre, frequentadores que tratam todos pelo nome. Ou estrangeiros. Estes, aliás, reúnem-se na Pousada Picinguaba, um casarão em estilo colonial administrado por um francês onde há 22 funcionários para atender a apenas dez apartamentos. Outra boa opção de hospedagem, mais em conta, é a Pousada Rosa de Picinguaba, da artista plástica Rosa Penteado.

Mesmo no verão, é pouco provável que falte água ou vaga para estacionar. Ou que haja fila nos restaurantes ou para comprar pão (nem padaria tem!). Nos fins de semana, apenas um dos bares pé-na-areia continua aberto depois das 22h. E, num domingo comum, tudo que se ouve é o farfalhar dos coqueiros e a rebentação das ondas. Se bater síndrome de abstinência após dois ou três dias longe do agito, siga por 35 quilômetros rumo ao norte e divirta-se em Paraty (RJ).

Entre as mais de 70 praias de Ubatuba, há outras ideais para relaxar. Pela Rio-Santos, chega-se à Praia da Fazenda, onde fica a sede do núcleo Picinguaba do Parque Estadual da Serra do Mar. Para ir à Praia Brava da Almada, o caminho é por uma estradinha sinuosa cheia de mirantes. Uma terceira opção é Puruba. Para alcançá-la, é preciso cruzar um rio, a nado ou em um barco da prefeitura (a travessia é rápida e gratuita).

ONDE FICAR :
Pousada Rosa de Picinguaba: Av. Beira-Mar, 183, Picinguaba, tel. (12) 3836-9119. Desde 2002. Diárias de R$ 200 a R$ 240 (casal). Mínimo de duas noites. Pousada Picinguaba: BR-101, km 7, tel. (12) 3537-0396. Desde 1988. Diárias de R$ 730 a R$ 1.165 (casal). Mínimo de quatro noites.

SEM CELULAR

A uma hora de lancha do centro, a praia tem luz de gerador e o menu depende da pesca



BONETE
Ilhabela

Em vez de jet ski ou escuna, o que se vê são canoas de madeira, pintadas pelos próprios pescadores. Na areia, nem sinal de guarda-sol. Quem precisa deles quando há dezenas de amendoeiras? Multidão, no Bonete, só dos implacáveis borrachudos, que tornam o repelente item obrigatório. Mas não é por causa deles que a praia permanece sossegada, e sim em razão do acesso difícil. Para chegar, é preciso contratar uma lancha (R$ 150) no centro de Ilhabela e navegar por uma hora. Com vento forte, só mesmo encarando uma trilha de 12 quilômetros no meio da Mata Atlântica. Não pega celular, não tem sorvete Rochinha, e a pouca energia proveniente dos geradores é racionada entre as casas e pousadas. Essa é justamente a graça do lugar: a sensação de que o tempo pode passar arrastado enquanto a molecada joga bola e os homens consertam as redes antes da próxima pescaria. Para quebrar a rotina, há cachoeiras e a opção de pegar uma trilha até as praias vizinhas: Enchovas, a uma hora de distância, e Idaiauba, uma hora adiante. Atenção: ambas são ainda mais vazias do que Bonete e só fazem aumentar a sensação de estar literalmente ilhado. A Pousada Canto Bravo é a única pé-na-areia, com redes nas varandas dos quartos. A mais nova é a Pousada Porto Bonete.


ONDE FICAR: Pousada Canto Bravo: tel. (12) 3896-5111. Desde 1999. Diárias de R$ 150 a R$ 375 (casal). Pousada Porto Bonete: tel. (12) 3894-2014. Desde 2009. Diárias de R$ 165 a R$ 185 (casal).



2 comentários:

  1. cheguei a um lugar impar , bonete !
    muito legal a trilha inacreditavel , cachoeiras , montanhas e o mar . a praia linda linda os nativos muito agradaveis sem contar a pousada da rosa onde fiquei , fui muito bem recepcionada , pousada simples aconchegante e bem caiçara para quem quiser visitar a pousada da rosa ai o site .

    www.pousadadarosa.com

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  2. Grande Marcos, parabéns pelo belo Blog, meu filho já estava com viagem marcada e depois que visitou seu blog até mudou o destino. Grande abraço e fique com Deus.

    Henrique

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